SOBRE A ARBITRAGEM NO FUTEBOL
Eu quero fazer uma reflexão sobre as arbitragens no
futebol. Recentemente um dirigente de um clube tradicional do Rio de Janeiro
lançou dúvidas sobre a seriedade do sistema. Há muito tempo eu coloco dúvidas
sobre as dificuldades para os árbitros cumprirem o regulamento. As situações do
jogo apresentam problemas para decisões muito além das regras estabelecidas. Um
árbitro não dá conta de 100% de suas tarefas. Então vem o que chamam de interpretações,
que fazem parte das tarefas arbitrais.
Mas é í também que a coisa pega. Numa interpretação há lugar para
divergências, certeza absoluta está fora do concreto, embora o torcedor acredite
piamente no que ele acha que viu.
Não abando a hipótese de arranjos nos resultados e
árbitros que se vendem, mas isso eu considero uma grande minoria. O que sucede
com muita frequência é o árbitro estar influenciado por fatores intercorrentes,
como uma relação de clubes mais chegados ao seu gosto, com quem ele se
identifica ou torce. O clube que ele acha mais poderoso e que lhe vai dar menos
problemas se ele contraria expectativas. São fatores subjetivos, inclusive o
hábito do ser humano de ajudar a afundar os que já estão afundando. Se o time
já está em dificuldades, errar contra ele não causa tanto dano porque todo mundo
atribui às dificuldades próprias do time.
Por exemplo, um jogo do Flamengo com o Vasco hoje a
tendência dele é ficar do lado mais forte. E ele erra muito em pequenos
eventos, como uma falta leve fora da área, inversão de lateral e corner, que
entretanto no conjunto do jogo podem pesar e muito. O futebol é jogo de pegada,
de choques, e aí nem com VAR, se pode decidir se o impacto, a intensidade foi
muito forte, mais ou menos eu nenhuma. Uma cena muto impressionante pode causar
menos danos do que um pequeno toque no calcanhar.
Outras dúvidas, o segundo amarelo, que exclui o
jogador precisa ser muito mais claro? Ou basta ser igual ao primeiro. Árbitros
podem ajudar seu time preferido, por exemplo, amarelando a defesa adversária,
melhor ainda no início do jogo. Uma expulsão entre times equilibrados pode
significar o término do espetáculo (e futebol é espetáculo, antes de disputa) e
a definição do resultado, como tem acontecido.
Vi o jogo entre Alemanha e Escócia e discordo do pênalti marcado e a
expulsão do jogados escocês, que afinal acabou com o espetáculo e o resultado do
jogo, embora claramente os alemães eram superiores.
No famoso jogo entre Flamengo e Atlético Mineiro em 81
em Goiás, numa falta que era claramente normal o juiz decidiu expulsar o
jogador do Atlético apenas baseado no clima do jogo. Ou seja, ajudou a
encaminhar a classificação do Flamengo para Tóquio. Não creio que o fez por
algum ganho material, mas eram sabidos os esforços da Globo para levar o
Flamengo nas asas da Varig até Tóquio. A entrada de agências de aposta no
sistema deve estar complicando mais ainda a vida de jogadores e árbitros.
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