domingo, 11 de novembro de 2018
sexta-feira, 2 de novembro de 2018
Dia dos finados, uma forma de
trazer à memória nossos entes estimados e queridos, como se preciso fosse. Na
verdade, para os que estamos há muitos anos por aqui, e na medida em que passa
o tempo, o que vamos colecionando são memórias, doces e margas memórias. São
tantas perdas e danos, tantos pedacinhos de nós que se vão em cada falecimento,
que nos transformamos em restos, sobras de balanço. Mas não deixa de ser um
exercício que podemos fazer criativamente. Há mortos que crescem depois de
ausentes, como naquela tese de que só nos damos conta do valor de uma coisa
depois que a perdemos. Ela cresce em ausência. E aos poucos se transformam em
patrimônio pessoal intransferível. Meus mortos, com seus pesos e medidas
afetivas, são hoje meu maior patrimônio e eu encontro em cada lembrança deles
um prazer já irretocável, um instante que valeu, uma palavra que emocionou, um
presente que deu alegria, uma flor que propiciou enorme prazer, um
reconhecimento que naquele momento foi sublime, em cada memória eu recolho uma
joia, e a presença ausente de cada lembrança se torna uma flagrância de suave perfume
que nos dá um pouco mais de energia para seguir caminho até nos tornarmos nós
mesmos uma lembrança.
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