quarta-feira, 27 de abril de 2022

 Nossa Democracia Burguesa 27/04/2017


Como se sabe, a revolução francesa foi conduzida pela burguesia ascendente, insatisfeita com os excessos da aristocracia, já mostrando sinais indeléveis de decadência. O povão e a classe média foram apenas massa útil de manobra. Quando o povo resolveu fazer sua própria revolução, foi sufocado a ferro e sangue em 1848 e 1871. A Alemanha teve a tentativa de instalação de um governo socialista bloqueada primeiramente pela socialdemocracia, de perfil moderado, e posteriormente pela violência, com a ascensão do nazismo. Os Estados Unidos já nasceram dentro da concepção politica burguesa, herdeira de uma mistura do liberalismo econômico com o individualismo democrático. Em todas essas vertentes a burguesia prevaleceu vitoriosa, hegemônica. A grande massa, que reúne classe média e povão, está dedicada ao papel subsidiário, de substância ativa. Como parte da filosofia democrática, que orienta suas origens, o sistema fomenta a ideologia e possibilidade formal de circulação entre os diferentes estamentos. Essa ilusão, que contempla minorias seletivas, tem o sentido de alimentar a ideologia e arejar cada categoria com o melhor das demais.
Vivemos numa “democracia burguesa”, com crenças e regras próprias como a igualdade de oportunidades, que pretensamente substitui a aplicação direta da igualdade de direitos.
Como as sociedades cresceram e se tornaram diferenciadas, foi preciso adotar a representação política e aí muda muita coisa. Os burgueses tiveram de disfarçar sua dominação e dividir marginalmente seu poder, ou seja, ceder bocados de seu domínio. Obviamente eles escolheram a dedo onde podiam ceder e onde permaneceria intocável. Transitoriamente, quando oportuno ou necessário, decidem entrar diretamente na representação, mas na maioria dos casos elegem pessoas ou grupos que são de sua confiança. Como as eleições são cada vez mais caras, somente o coletivo capitalista pode bancar um número necessário de representantes como garantia para votar os temas essenciais de seu interesse.
No Brasil recente os gastos eleitorais estão sendo mais controlados e a doação de empresas proibida. Isso pode dificultar, mas não impedirá o exercício de poder por parte da burguesia. E é também necessário acrescentar que ela se dividiu em especializações econômicas que podem apresentar interesses eventual e marginalmente conflitantes, mas nunca nos temas centrais. E a vertente dominante, infelizmente, é a financeira.
Enfim, vivemos numa sociedade (o chamado mundo Ocidental) orientada pelo mercado e pelas diferenças de renda. E sempre que possível deverá prestigiar o individualismo, que se expressa mais notoriamente nos esportes e nas artes.
O mundo ocidental foi monetarizado e tudo o mais segue as regras e a lógica dessa fatalidade.