sábado, 25 de janeiro de 2020

O Sucesso de uma Parceria




                        
É sabido que a administração do Flamengo nestes últimos anos vem dando exemplo de seriedade e eficiência, ao contrário de dezenas de gestões anteriores quando os negócios escusos com empresários de jogadores, os investimentos mal sucedidos, os desvios de recursos e muitas outras maracutaias vinham minando a capacidade do clube de realizar conquistas significativas nos planos nacional e regional.  Isso aconteceu porque uma geração de flamenguistas ilustres, desses que estão sempre frequentando áreas decisivas do clube sem condição eleitoral de assumir responsabilidades, conseguiu tomar o poder, aproveitando um estado de coisas que era insustentável.  Essa diretoria teve de resistir a pressões tremendas internas e da torcida insatisfeita pela falta de uma equipe de qualidade que trouxesse resultados imediatos. Resistiu e agora colhe o justo proveito da empreitada.
Mas esse projeto pôde ser executado com sucesso porque o parceiro histórico, a Rede Globo, nunca deixou de contribuir e apoiar o clube com sua poderosa rede de emissoras, rádios e jornais. A cota do Flamengo sempre foi muito maior que a dos outros clubes cariocas. As transmissões dos jogos do clube para todo o Brasil continuaram, realizadas com o glamour das operações globais, com um tratamento equivalente a seus programas de auditório e ao Fantástico, o show da vida trasmudado em show do futebol.  E essa parceria vem de 1979 quando, certamente autorizada por Roberto Marinho, que era flamenguista, Walter Clark elegeu o então dono de Cartório Marcio Braga presidente do Flamengo e colocou seu departamento de marketing a serviço do clube. Uma das primeiras iniciativas foi classificar o time para a Libertadores e voar nas asas da Varig (patrocinadora) para o Japão para enfrentar o Liverpool no Torneio da Toyota.
Começou ali a era mais vitoriosa do Flamengo, os anos 80, como se pode observar nos números:   Títulos dos clubes cariocas entre 1933 (início do profissionalismo) e 1979, ano de início da parceria com a Globo:  Fluminense, 14 títulos; Flamengo,13 títulos; Vasco, 10 títulos; Botafogo, 7 títulos.
Entre 1979 e 2019: Flamengo, 16 títulos; Vasco, 10 títulos; Fluminense, 8 títulos; e Botafogo, 7 títulos.
Como se vê foi decisivo o impacto sobre o conjunto dos clubes cariocas. Além da frequência das transmissões, era também importante o fato de que as transmissões do Flamengo eram nacionais, enquanto muitas das transmissões dos outros clubes cariocas dividiam a abrangência com os clubes paulistas. Ou seja, o jogo de Botafogo, por exemplo, se transmitia para o Grande Rio e para o estado do eventual adversário, enquanto um jogo de São Paulo era transmitido para o resto do país. Mas quando era jogo do Flamengo se operava para todo o país. Como a Rede adiantava recursos para os diretores de turno dos clubes, ficava com muito poder para arrumar as tabelas e horários dos jogos, além de gerar dívidas que os diretores dos clubes iam acumulando e transmitindo para seus sucessores.
Obviamente o Flamengo não tem culpa de ser o escolhido, embora nunca tenha mostrado a mínima solidariedade com o drama dos demais clubes. Não era obrigado  a isso, mas também não fazia um trato justo, de fairplay.
As tramoias do Flamengo começaram cedo. Em 1928 um jornal esportivo resolveu lançar um concurso público para conhecer o clube mais popular do país. Os resultados parciais iam aparecendo em consonância com as vendas do jornal e o Vasco liderava com ampla vantagem. Mas nos dias que antecederam o resultado final, o Flamengo fez uma compra de todos os jornais nas bancas da cidade e ganhou a taça, aliás muito bonita, como o time mais popular do Rio de Janeiro, e como capital federal, do país. O mesmo fez Chateaubriand anos depois com a Revista do Rádio para tirar o título de Emilinha ou Marlene e dar à sua amiga cantora Doris Monteiro, que era boa cantora mas não a mais popular.   Comprou todos os exemplares da Revista colocados à venda e colocou no nome dela.
                                           Texto com citações do jornal O Globo

segunda-feira, 20 de janeiro de 2020

Reflexões da Vida e da Política



Amanheci reflexivo, talvez pelo mal-tempo e o feriado (20\01\20). Daí recuperar alguns pensamentos do passado, com ajuda do Face. Mas outras reflexões continuam a me pressionar: O saber é conhecimento mais suas circunstâncias. Toda magia -- aprendemos na Antropologia --- pode implicar outra magia de igual poder e sentido contrário. Não devíamos votar em candidatos à reeleição nunca, a rotação no poder é uma das condições da democracia. FHC fez muito mal ao país ao comprar e instituir a reeleição para presidente. Nos lembrava o saudoso sábio Millor Fernandes, o pior malfeitor é o mais inteligente. Eleição não pode ser confundida com produto comercial e submetida a propaganda enganosa, os candidatos deviam ser obrigados a cumprir suas promessas de campanha a menos que novas circunstâncias possam explicar suas mudanças, que precisarão ser muito bem justificadas às nossas autoridades encarregadas de garantir que eleições não são anúncios de sabonetes ou cervejas, que você pode recomendar uma e usar outra. 

Podem variar os discursos e as intenções geralmente mesquinhas e imediatistas dos candidatos, mas a grande nação seguirá o mesmo rumo já traçado de país periférico, com algum meireles assegurando a preservação dos compromissos internacionais e um pequeno clube de notórios economistas liberais confeccionando o bolo governamental.

Muita pena que o PT se tenha descarrilhado. Era a única verdadeira alternativa política aos velhos e viciados partidos tradicionais, dominados por artimanhas financeiras forjadas pelas classes dominantes centradas no capitalismo financeiro. Uma grande pena para o país, porque além do crime hediondo de roubar o dinheiro público (todos deviam estar presos e submetidos a vexame para dar exemplo), perdemos a chance de viabilizar um partido de esquerda no país.

segunda-feira, 13 de janeiro de 2020

A Falência do Transporte Urbano Carioca

Olha o que diz O Globo sobre os transportes urbanos do Rio, e eu assino embaixo:
“O início de um novo ano é momento oportuno para se repensar a questão da integração tarifária. E ela deve envolver governador, prefeito, deputados, vereadores e as diversas concessionárias. O Rio precisa ter um bilhete integrado para todos os transportes. Outras cidades já fazem isso. Durante décadas, empresários de ônibus — que dominam cerca de 70% do mercado de transporte do Rio — pagaram propina a agentes públicos para defender seus interesses, em detrimento dos cidadãos, como mostram as investigações da Lava-Jato. Conseguiram aumentos de tarifa, isenção tributária, detonaram CPIs. Está mais do que na hora de poder público e concessionárias olharem pelos passageiros”.

Chega de promoção flamenguista



BASTA!  Para os editores esportivos de O Globo só existem jogadores do Flamengo. Há uma semana que inventam histórias de contratados desse mesmo time. O argumento comercial é falacioso porque a diversidade de produtos poderia atrair outros consumidores até mais poderosos que os da urubuzada. É tudo uma farsa e de jornalismo não têm nada, são marketeiros. Não estranha que só nascem torcedores do time da casa. Chega! Basta! Onde está o direito dos consumidores? Têm de se contentar em admirar os mesmo jogadores em rodízio?  Esse jornal deveria respeitar as minorias, está até na Constituição. O que o Globo faz é um massacre! Os  defensores do direito das minorias deviam examinar o assunto. O atual plantel de futebol rubro-negro é superior aos demais, mas o clube não é melhor nem pior, todos os grandes clubes esportivos do estado são equivalentes em história, importância social e participação esportiva em geral.  Chega de privilégios, isso está produzindo uma distorção indesculpável na diversidade social dos habitantes do planeta carioca.

domingo, 12 de janeiro de 2020

Vasco não agrada à Rede


VASCO e Rede Globo:   Há anos que o Globo joga contra o Vasco. Como não pode ignorá-lo, se concentra em notícias negativas: as dívidas do Vasco, a violência da torcida, as dificuldades eleitorais do presidente, os problemas na justiça. Quando sai alguma foto, reduzida em tamanho, é do presidente, do goleiro ou do técnico, que não vestem a camisa tradicional do clube. Imagino que isso começou na transmissão de um jogo decisivo em São Januário quando Eurico Miranda, então diretor do futebol, decidiu gratuitamente colocar o escudo da SBT na camisa vascaína, num jogo transmitido pela Globo. Foi uma atitude isolada, de um dirigente contestado que gostava de provocar. A  outra provocação constante de Eurico que contrariava a Globo era a desafiar o Flamengo nos grandes jogos transformando o clássico em “jogo das multidões. Apesar disso levantar o ânimo dos adversários (o time do Flamengo), o estádio lotava e o grande destaque do campeonato carioca eram as partidas dos dois clubes, contrariando o forte desejo da Globo de tornar o FLAxFLU a maior atração. O Vasco pagava um preço, o time do Flamengo estrava matando e costumava ganhar os jogos. Mas a imagem de grandeza do Vasco ficava evidente. A Globo nunca perdoou as duas provocações e até hoje sabota o Vasco, basta abrir o jornal. Olha as matérias e as fotos. Quando transmite jogos do Vasco não o faz com o charme das transmissões do Flamengo (por exemplo, pouco mostra a torcida) e não leva os jogos para todo o país, apenas para o grande Rio e o estado do adversário, quando é time de fora.  Não admira que a torcida do Flamengo siga crescendo e a do Vasco (que já foi uma das maiores do país) siga minguando, não apenas pelas más administrações, que também acontecem por falta de visibilidade midiática, ajudado pela Globo. Até quando, Catilina?