Votei na saída do PT, defendo a alternância no poder, sou
contra reeleição, desconfio de urna eletrônica. Não tenho filiação partidária,
até hoje, com 83 anos, nunca tive um governo que pudesse chamar de meu. Fui
Secretário Nacional do Trabalho no governo FHC mas isso não me obrigava à
política do presidente e fiz o que pude para dar à minha Secretaria uma função
de Estado não de governo. Colaborei com Dona Ruth na política social e fiz
abertura com Centrais Sindicais sem olhar a cor partidária, trabalhei muito
próximo da CUT sem que fosse censurado. Minha posição profissional sempre foi
de independência. Se hoje critico mais uma vez o governo de ocasião é porque
mais uma vez não me espelho no que observo. Esperava um governo que trabalhasse
para unir os brasileiros num programa de desenvolvimento com promoção da
redução da desigualdade de renda, promovesse o emprego e a pequena empresa. Que
tivesse um programa revolucionário para a educação, a saúde e a cultura, num
país de extrema riqueza ambiental e significativa diversidade cultural.
Diante da pandemia que agora enfrentamos, esperava que o
governo estaria lutando em todas as fronteiras para promover a solidariedade, a
proteção dos pobres e informais e necessariamente o sistema de saúde estaria em
melhores condições para dar as respostas certas, com leitos, equipamentos e
recursos humanos apropriados.
Tudo isso passa longe do governo atual. Não vejo nem mesmo
sensibilidade humana, muito menos
eficiência e esforço. O ministro da saúde ainda não pisou no solo, continua falando
de regras
Estamos vivendo um pandemônio e não apenas uma pandemia. O presidente pratica
diariamente a desobediência civil contra si mesmo e seu governo. E as
instituições políticas que nos pareciam robustas se mostram esgarçadas, estressadas
e fragilizadas pelos métodos bolsonarianos de conflito e pela pandemia
pandemonizada. Os ministros escolhidos pelo governo, pressupostos técnicos, com
raras exceções, são pessoas inexpressivas politicamente, bizarras e capazes de
afirmar absurdos contra a ciência e o senso comum. E as promessas de campanha já
não contam, o toma á dá cá já entrou em cena. Na verdade, pouca coisa restou da
campanha que não houve. Uma facada absurda (onde estavam os seguranças?) e uma
pandemia inesperada alimentam e explicam boa parte do que estamos vivendo
(sic). Estamos isolados do mundo, com o Itamarati inexpressivo e equivocado nas
escolhas, como mostra a falta de ajudas externas aos nossos problemas
sanitários. Mesmo o “parceiro” norte-americano o que nos fez até agora foi
bloquear uma suposta carga vinda da China. Mesmo países governados
ostensivamente por governos de direita estão praticando o distanciamento social
e sendo liderados por seus comandos políticos, ao contrário daqui. Com que
estamos passando acho que nem Deus é brasileiro, como prega a cultura popular.
Com exceção das atividades
essenciais, não há como explicar o liberou geral que o governo estimula através
do presidente que diz atender a pressões de industriais, que ele ouve, enquanto
não escuta o grito dos hospitais. Até
Guedes, um liberal à antiga, aceita isolamento social e aceita abrir pedaços do
cofre ao lado social da vida, que o governo ignora.
Vivemos um pandemônio, mais que
uma pandemia
O governo atual fica cada vez mais parecido com o anterior, só que não existe ninguém parecido nem de longe com o capitão. Ele é imparável e faz escolhas internacionais já conhecidas como do circuito extremista de direita, com visão retrógrada do mundo e algumas interpretações absurdas mesmo à escola secundária. E utiliza os mesmos recursos promovido pelo Sr. Bannon com robots internéticos e recurso de manada, que só agora estão sendo investigados. E podem falar qualquer coisa que lhes ajude nos propósitos programáticos, sem compromisso com a verdade ou a lógica. Essa cartilha é aplicada por todos os personagens dessa obscura linha de política. Os países, já se sabe: Israel, Inglaterra; Itália, Hungria, Estados Unidos e Brasil, entre alguns poucos outros e em diferentes graus. Todos são contra coletividades, comunidades e organismos internacionais, sobretudo a Comunidade Econômica.
Sobre a questão econômica vale entender: O setor financeiro está funcionando internamente no essencial, a parte menos importante é a visível; Algumas indústrias mais desenvolvidas estão dando a seus funcionários condições de segurança e estão funcionando; os restaurantes estão melhorando a capacidade de delívery, que já é um investimento para o futuro; As atividades essenciais para segurança, alimentação e saúde estão em atividade com os cuidados disponíveis (que é verdade, são frágeis e inadequados). O setor moderno da economia está funcionando em home-office. O comércio regular é o mais sacrificado e o imenso setor informal. Para esses em todo o mundo os governos estão assegurando recursos mínimos e é para isso que existem os governos, não é nada extraordinário e os governos vão recuperar no tempo. No caso do Brasil a criminosa e inacreditável pobreza já é atendida (mal atendida) antes da pandemia, essa gente já vive numa pandemia normal de vida.
Então eu pergunto: se estão atendendo os mais necessitados, porque precisam colocá-los na rua antes da hora e de preparar os hospitais regulares e hospitais de campanha em condições para receber a população que vai precisar, pelas deficiências normais da vida e pela natureza vital do vírus.
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