A derrota de Trump salvou (por enquanto) a
civilização ocidental. Como assim?
Trump era o líder inconteste de uma
nova corrente política que aproveitou a novidade então desconhecida da
publicidade direcionada a perfis específicos, graças à informática com a
internet e os robôs. Foi o primeiro político eleito com essa nova arma. Obama
havia iniciado o processo, mas sem todos os recursos que vieram depois. Veio
então o grande teste com o BREXIT, e o resultado sabemos. No dia seguinte a
população inglesa amanheceu derrotada e estarrecida. Alguns poucos países
europeus foram ajudados e pela importância do Brasil a aplicação por aqui teve
requintes que aperfeiçoaram o modelo. Um governo radical de direita capaz de
fazer crer nas massas qualquer ideia por mais absurda como a Terra plana e
outras barbaridades. Por isso era fundamental e considerada certa a vitória de
Trump e sua revolta com a derrota porque não podia acontecer se consideramos o
programa técnico desenhado. Trump tem razão, era impossível perder. E com Trump
e seus seguidores estava montado o desmanche das conquistas civilizatórias
iniciadas no pós-guerra e obviamente ainda não completadas, mas acumulando um
significativo conjunto de benefícios e ganhos sociais e culturais, que ultimamente
têm sido atacados, basicamente nos direitos humanos e na proteção ambiental. A
noção conceitual de direita e esquerda é operacional, mas neste momento se
mostra claríssima. Quem defende a exclusão social, a educação conservadora, a
economia liberal e condena as entidades internacionais que buscam resolver os
problemas entre as nações com a negociação, o diálogo e a cooperação está na
direita. A esquerda, ao contrário, condena a violência simbólica, busca a
cooperação entre as nações, a solidariedade social, uma economia mais
igualitária priorizando o emprego, a educação transformadora e a saúde
comunitária. E instituições autônomas para zelar pelo cumprimento dos direitos
constitucionais.
O mundo que conhecemos se reúne num
grupo muito especial de grandes personalidades para estudar o movimento dos
grandes blocos civilizatórios. Uma dessas últimas reuniões foi aqui no Rio de
Janeiro. O Bloco representado basicamente pela Comunidade Europeia desenvolve
os valores herdados da Independência Americana e da Revolução Francesa, com os
princípios que conhecemos de liberdade, igualdade e fraternidade. Um sistema
político representativo e alternância no poder. A palavra de ordem desse grupo está na "Democracia e Direitos Humanos", com todas as adjetivações que sejam. A palavra de ordem do outro grupo é "Livre iniciativa, Respeito aos Direitos Individuais e à Propriedade Privada e Estado Mínimo".
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