quinta-feira, 7 de dezembro de 2023

 

AS NOVELAS ATUAIS

Já fui noveleiro fiel, também comecei na televisão aos 18 anos. Naquele tempo as novelas eram dramalhões mexicanos da Dona Glória Magadan ou transcrições livres de filmes famosos. Os redatores de novelas eram fãs do cinema. Depois disso rompi com as novelas uma eternidade, E agora não sei explicar por que decidi seguir a novela das nove da Globo. Porque novela você segue, igual carrapato. Não achei a novela que seria das nove, cruzavam novelas sobre novelas, não duvido que algum personagem esteja como eu perdido na engrenagem. Mas agarrei a que mais parecia principal. Terra sobre Terra, algo assim. Não era novela, era chanchada, de cabo a rabo. Mas nos intervalos havia uma tentativa de fazer uma novela, competindo com a enxurrada de anúncios.

O problema é que também esse núcleo que seria sério, não é. Os personagens e a estória têm comportamentos inverossímeis. Nunca fazem o bê a bá. Um crime que pode ser resolvido com um exame médico arruma um jeito do médico não examinar. Parece pura provocação à audiência. Uma novelista da Globo disse no passado que ela brincava com a audiência. Para não ficar só no negativo. Houve dois acertos de crítica social: um gay que se apaixona por um suposto machão que não se convence que está também apaixonado. E uma crítica à chegada do pix quando tudo agora resulta num pix. Mas em ambos os casos o tema se esgota.
Às vezes quero pensar que é saudosismo, mas tá difícil, porque o único trabalho que presta são os anúncios, que também pecam pelo excesso. Acho que afinal estou perdendo contato com os tempos chamados atuais.

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