quarta-feira, 21 de dezembro de 2022

Ser de Esquerda

 


           

O que é Ser de Esquerda

O que é ser de esquerda nos dias de hoje?  Não conheço no país um homem ou mulher autêntica e consistentemente de esquerda.  E reconheço que seria muito difícil definir o que seria uma pessoa de esquerda autêntica e consistente. Talvez nem teoricamente, mais ainda na sua inserção num país como o nosso, de configuração complexa, heterogênea e desequilibrada. O que é ser de esquerda e mais ainda o que seria viver na esquerda autêntica e consistentemente?   O que terá sido o comunismo de Oscar Niemeyer?  Tem o anjo torto de Drummond recomendando que fosse gauche na vida, terá Drummond entendido a mensagem?                                                                                             

Na luta contra a ditadura cívico-militar muita gente se engajou por crenças e razões bem diferentes, mas aparecem somados em prêmios e benefícios. Ter feito essa luta não assegura posição de esquerda e muito ao contrário para boa maioria, desde não gostar de militares. Esquerda e direita já se revezaram em prestígio no mudar dos tempos. Vale o sentimento próprio?  A pessoa pode ser de esquerda porque assim se sente? Certamente não. E aí voltamos aos critérios e ao imbróglio.

Como definição operacional (lá se vão anos das aulas de metodologia) se pode afirmar que uma pessoa de esquerda, no contexto brasileiro: quer um estado que promova e proporcione o bem-estar social, exigindo que a educação e a saúde sejam públicos e de alta qualidade; defende a criação de políticas que sejam destinadas prioritariamente a gerar emprego, trabalho e renda para o maior número de cidadãos que os aspirem; um estado que promova espaços públicos de cultura e lazer para todos; exige que os governos sejam éticos, justos, rotativos, eficientes e honestos; requer a implantação de um sistema econômico misto onde prevaleça o interesse coletivo e as empresas estratégicas sejam estatais; desenvolva relações internacionais igualitárias, mas condenando governos totalitários e corruptos; deseja o liberalismo social (não econômico), com igualdade de direitos de todos os cidadãos independentemente de credos, gêneros, religiões e pensamento político; promove a prevalência do coletivo sobre o individual, respeitados os direitos humanos; num pensamento de esquerda a Previdência Social não se move apenas por cálculos atuariais, mas por um regime de solidariedade; Poderíamos ir mais adiante enriquecendo a definição operacional. Mas esse conjunto já serve para mostrar quanto distante estamos de nos aproximar de um governo de esquerda no país. A última chance, dentro de muitos limites, um governo recente jogou pro alto na política de loteamento da administração pública.  Democracia pode ser de direita ou de esquerda, mas não pode ser apenas o direito de espernear ou indignar-se, democracia precisa ser também no plano da economia, senão é apenas fantasia, como é a nossa e muitas outras mundo afora.

Nenhum comentário: